sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Câncer e Atividade Física

Conhecendo os fatores de influência e alterações do metabolismo


O que é Câncer?

O Câncer é um conjunto de doenças caracterizado pela substituição de células normais por células com material genético alterado, fazendo com que os tecidos percam sua função.
Essas células alteradas multiplicam-se rápida e descontroladamente, aumentando a massa tumoral em um curto espaço de tempo.
Além de manter-se em seu local de origem, o conjunto de células cancerígenas pode migrar para outro local do corpo, atingindo outro tecido, a esse processo, dá-se o nome de metástase.
Dependendo do tecido onde o tumor se instala, o câncer recebe uma outra denominação, por exemplo, quando se instala em epitélio, seja ele interno ou externo, recebe o nome de carcinoma; quando se instala em tecido de suporte, como osso, tecido adiposo e músculo, recebe o nome de sarcoma; quando originam-se em células que produzem pigmento, denomina-se melanoma, etc…

Causas

As causas desse processo são inúmeras, podendo estar relacionadas com fatores genéticos ou ambientais, sendo esta segunda a apresentada na maioria dos casos, como por exemplo dieta, fumo, contato com drogas ou substâncias tóxicas, poluição, radiação, estilo de vida etc…

Papel do Sistema Imune

O sistema Imunológico tem um papel fundamental na proteção do organismo, tendo capacidade de reconhecer fatores estranhos, como as células canceroras. Ele é constituído de células distribuídas em vários órgãos denominados linfóides (fígado, baço, timo, gânglios linfáticos, medula óssea) e circulante no sangue, sendo que as principais células acionadas na defesa contra o câncer, são os linfócitos, que atacam as células infectadas e secretam linfocinas, que regulam e estimulam o desenvolvimento de outras células do próprio sistema imune.
Todos os tipos de câncer provocam uma imunodepressão, enfraquecendo o Sistema Imune.

Epidemiologia

Atualmente o Cancer é responsável pela morte de mais de 122.000 indivíduos por ano, no Brasil, e mais de 6 milhões no mundo inteiro, conforme dados da OMS.

Fisiologia

A maioria dos óbitos causado pelo câncer são devido à instalação de um catabolismo intenso no organismo (caquexia), que é geralmente caracterizado pelo desenvolvimento de anemia, anorexia, perda de peso, astenia e alteração no metabolismo dos macronutrientes; o que traz como conseqüência elevadas concentrações de substratos circulantes. Isso seria de grande utilidade para fortalecer as células imunológicas; porém, as células tumorais apresentam grande quantidade de GLUT1 e GLUT3 em sua membrana, assim, captam esses substratos com mais facilidade estando em constante competição com o sistema imune.
Além disso, em resposta ao estímulo dado pelas células cancerígenas, o sistema imune secreta uma série de mediadores químicos, conhecidos como citocinas pró-inflamatórias, que provocam uma alteração maléfica do metabolismo do paciente.

Câncer e Exercício

Inúmeros estudos evidenciam que a prática regular de exercícios físicos reduz os riscos de contrair a doença, e melhora as condições de vida de portadores de tumor, beneficiando assim a qualidade de vida do paciente.

Exercício como Prevenção

O exercício reduz os níveis de glicose e de insulina e eleva os níveis de hormônios corticosteróideos, eleva também os níveis de citocinas antiinflamatórias e aumenta a expressão dos receptores da insulina nas células que combatem o câncer.
Sabe-se também que a atividade física aumenta a produção de interferon, estimula a enzima glicogênio sintetase, aprimora a função dos leucócitos e acera o metabolismo do ácido ascórbico, isso faz com que tenha uma contribuição na prevenção da formação de tumores cancerosos.
Muitos estudos associam também obesidade ao risco de desenvolver câncer; uma das explicações é o fato de a obesidade ser uma doença crônica, inflamatória, pois o tecido adiposo, em especial o branco, secretar mais de 50 substâncias, dentre as quais estão relacionadas as famigeradas citocinas, citadas anteriormente; portanto para indivíduos que têm um estilo de vida saudável, com prática e de exercícios físicos e uma dieta balanceada, esse risco diminui consideravelmente..

“O obeso tem uma maior chance de desenvolver o câncer de mama, principalmente as mulheres depois da menopausa. Na mulher obesa, há ainda a freqüência do câncer do colo do útero. Outros tipos de câncer, como o do pâncreas e do esôfago também estão ligados ao peso”, disse Fernando da Cunha - diretor do Centro de Oncologia de Campinas em entrevista ao programa Revista Brasil da Rádio Nacional (disponível em http://www.ecodebate.com.br/2009/11/30/diretor-do-centro-de-oncologia-de-campinas-diz-que-incidencia-de-cancer-esta-diretamente-ligada-a-obesidade/)

Estudo comparativo de freqüência cardíaca de repouso mostra que quando o há uma freqüência cardíaca de repouso baixa, indicando um bom condicionamento físico há menos incidência de câncer.

Sabe-se, também, que o exercício em intensidade moderada/intensa auxilia no fortalecimento do sistema imunológico, ao contrário de exercícios de alta intensidade (como maratonas) que o deprimem.

Exercício como auxiliar no tratamento

Exercício minimiza os efeitos do tratamento medicamentoso e cirúrgico do paciente com câncer.
A fadiga, sintoma comum em pacientes em tratamento de câncer, é um grande fator limitante para o início da prática, porém Dimeo et al (1998), investigaram os efeitos do treinamento aeróbio nos pacientes que apresentavam esse sintoma e chegaram à conclusão que um programa bem definido quanto intensidade, duração e freqüência pode ser utilizado como ferramenta para atenuá-lo.
Pacientes com câncer de mama que não realizam exercícios logo após a cirurgia podem desenvolver linfedema, que pode limitar o movimento articular, além de evoluir para complicações mais sérias, como as infecciosas, tróficas, osteoarticulares, neoplásicas e psicológicas.

Exercício na Sobrevida

Holmes et al (1998) investigaram em seu estudo a vida de mais de 2900 mulheres diagnosticadas com câncer de mama e chegaram à conclusão de que aquelas que se mantiveram ativas, praticando atividades de moderada intensidade, reduziram o risco de evolução do tumor para outra localidade do corpo (matástase), e apresentararam mais disposição para atividades cotidianas; mas também verificaram que aquelas que praticaram exercício muito intenso apresentaram uma evolução do estágio 1 da doença para o estágio 2, o que sugere eu exercícios muito intensos não são recomendados a esses pacientes.
Todo exercício auxilia na manutenção dos níveis funcionais do organismo, e com o paciente que apresenta câncer, isso não é diferente, incluir atividades físicas em sua rotina faz com que os substratos “livres” no sangue sejam utilizados para dar energia para a prática, diminuindo então essa oferta às células cancerosas, ajudando no controle da doença. Além disso, os benefícios psicológicos são inúmeros.
O exercício físico, quando devidamente controlado em volume, intensidade e freqüência, é um grande aliado na prevenção e tratamento do paciente com câncer. Conhecer seus efeitos é papel do Educador Físico que vai lidar com esse público e com saúde e qualidade de vida para a população em geral.

DICAS PARA PREVINIR O CÂNCER:
1- Faça consultas periódicas com seu médico - MulheresàGinecologista; HomensàUrologista;
2- Faça exames preventivos de investigação - Mulheres à Exames ginecológicos e auto exame da Mama; Homens à Exames de investigação de próstata;
3- Após 50 anos, faça exames investigativos de detecção de sangue em fezes;
4- Consulte-se com regularidade com seu dentista, e mantenha uma adequada higiene bucal;
5- Evite exposição prolongada ao sol, procure horários de menos risco (antes das 10hs e depois das 16hs) e use sempre protetor solar, chapéu etc…;
6- Limite ingestão de bebidas alcoólicas;
7- Faça uma dieta balanceada, evite a obesidade;
8- Não utilize medicamentos sem o conhecimento de seu médico;
9- Pare de FUMAR!
10- Pratique exercícios físicos com regularidade.

BIBLIOGRAFIA

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